VIAGEM PELA Química

A Química do conforto

Quando Otto Bayer sintetizou o Poliuretano, em 1937, estava longe de imaginar o potencial da sua descoberta: um material versátil capaz de ser usado tanto na construção civil, como na indústria automóvel ou na do calçado, contribuindo para a nossa qualidade de vida.

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Uma descoberta com potencial

A descoberta foi acidental. Às portas da II Guerra Mundial e perante uma enorme carência de materiais de borracha que se fazia sentir na Europa, o químico alemão Otto Bayer, de apenas 35 anos, procurava um método mais eficiente para a produção de borracha - usando menos subprodutos -, mas acabou por descobrir algo maior: o poliuretano.

O poliuretano é um polímero orgânico com uma textura muito semelhante a uma esponja ou espuma. Dada a sua versatilidade - rígida ou flexível - e graças às propriedades térmicas e acústicas é hoje universalmente usado na construção civil e nas indústrias automóvel e do calçado.

É de sublinhar que as primeiras experiências de Otto Bayer nesta área não impressionaram os seus supervisores do então laboratório IG Farben, em Leverkusen, na Alemanha. A ideia básica de misturar pequenos volumes de substâncias químicas para obter materiais de espuma seca era vista como irrealista. Mas persistente nas suas pesquisas, o cientista insistiu na estratégia de síntese a partir de duas substâncias químicas, um isocianato – um tipo de composto orgânico – e um poliol – um tipo de álcool.

Depois de várias tentativas falhadas, o cientista conseguiu finalmente desenvolver o famoso poliuretano e mudar radicalmente o panorama da indústria química. As primeiras aplicações deste produto foram nos revestimentos das aeronaves da II Guerra Mundial.

Invisível e versátil

Embora praticamente invisível aos nossos olhos, este composto químico está presente no nosso quotidiano e é responsável por grande parte do nosso conforto. Em casa, por exemplo, a regulação da temperatura é conseguida através da espuma de poliuretano rígida que está dentro das paredes de alvenaria. Já a espuma flexível, no interior de estofamentos domésticos, está presente nos sofás, poltronas, almofadas, travesseiros e colchões.

Na indústria automóvel, encontramo-lo no volante dos nossos carros, no forro do teto, assentos, painéis e encosto de cabeça. O poliuretano tem também muitas aplicações na indústria do calçado, fornecendo a flexibilidade para um caminhar confortável.

Dadas as suas propriedades acústicas e térmicas, a utilização da espuma de poliuretano tem uma matriz sustentável, já que ao promover-se a eficiência energética e o conforto térmico, diminui-se também as emissões de CO2.

A Anilina

A anilina é uma matéria-prima fundamental na indústria química. É usada na fabricação de produtos químicos agrícolas, como os herbicidas, fungicidas e inseticidas, mas também de tintas sintéticas, explosivos e do famoso Metileno Difenil Diisocianato (MDI).

O MDI é a base que sustenta a produção de espuma rígida de poliuretano usada, principalmente, no isolamento de edifícios e sistemas de refrigeração e responsável pelo conforto das nossas casas. Desde os anos 80, o MDI tem sido a força impulsionadora por detrás do crescimento da produção de anilina.

A anilina, igualmente conhecida como aminobenzeno ou fenilamina, é uma substância da família das aminas - compostos importantes para a fabricação de corantes. Apresentando-se com a fórmula molecular C6H5NH2, foi obtida pela primeira vez, em 1826, a partir da destilação seca do corante vegetal índigo às mãos do químico alemão Otto Unverdorben.

Em condições normais de temperatura e pressão, é um líquido oleoso incolor, e com um cheiro agradável. Menos usada como matéria-prima para a produção de corantes, é amplamente utilizada na produção de borrachas e inseticidas. Na Bondalti, a anilina - obtida por hidrogenação do nitrobenzeno e na presença de um catalisador - é fornecida a granel ou embalada em bidões.

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