Media

“Queremos criar ligações únicas e que acrescentem valor a todos”

A Bondalti encara a inclusão como um pilar essencial de uma sociedade mais justa e, por isso, mais sustentável. Alexandra Paiva, coordenadora de Cultura da Direção de Pessoas na Bondalti, explica de que forma a companhia está a acolher e a valorizar pessoas com deficiência nos seus quadros.

O que levou a Bondalti a integrar o leque de empresas signatárias do "Compromisso para a Inclusão"?

A adesão da Bondalti ao Inclusive Community Forum, em 2019, uma iniciativa da Nova SBE, no âmbito da qual se tornou signatária do “Compromisso para a Inclusão”, teve como objetivo reforçar o papel ativo da companhia na integração e acolhimento de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Com isto, estamos em condições de melhor contribuir para encontrar soluções estruturadas e de continuidade que respondam às necessidades desta comunidade, que é tantas vezes invisível na sociedade.

Como é feito o processo de acolhimento e inclusão de pessoas com deficiência na Bondalti?

O processo de integração na Bondalti foi totalmente redesenhado tendo em vista uma admissão plena e de acordo com as necessidades de cada pessoa.

Uma vez que a maioria das vagas são para a unidade industrial química de Estarreja, cada posição em aberto respeita um princípio basilar, que é a garantia de segurança das pessoas. Identificamos todos os fatores críticos para uma integração bem-sucedida, envolvemos toda a equipa que vai receber o novo elemento e definimos também as adaptações necessárias no posto de trabalho.

Asseguradas estas condições, todo o processo é acompanhado por um tutor de inclusão, que está permanentemente disponível para responder às necessidades diagnosticadas. Embora a inclusão seja uma responsabilidade partilhada por todos na Bondalti, cabe a este tutor garantir a melhor experiência ao longo de todo o período de permanência da pessoa.

Queremos criar ligações únicas e que acrescentem valor a todos. Respeitamos sempre o compromisso pelo bem-estar das nossas pessoas e defendemos que cada um pode contribuir para o desenvolvimento da empresa, independentemente da sua condição.

Quais são os maiores desafios da inclusão em contexto empresarial e como avalia a evolução deste tema em Portugal nos últimos anos?

Os principais desafios ocorrem a montante da inclusão propriamente dita. O contributo das pessoas com deficiência para o mercado de trabalho é ainda muito subestimado e devemos conseguir ultrapassar crenças geracionais e viés (in)conscientes que nos levam a excluir da equação quem, por alguma razão, é diferente. Se acrescentarmos a tudo isto o desafio que é encontrarmos a pessoa certa, a escassez de infraestruturas públicas (como por exemplo transportes fora dos grandes centros urbanos) ou a ausência de respostas em tempo útil de algumas entidades, torna-se muito difícil impor um ritmo que possa fazer a diferença.

Decorridos 18 anos após a adoção da Convenção das Nações Unidas relativa aos direitos de Pessoas com Deficiência, é evidente o trabalho desenvolvido pelos países subscritores e Portugal não é exceção. Embora os dados que tenhamos remetam apenas ao período 2015-2020, Portugal regista uma evolução positiva na taxa de emprego de Pessoas com Deficiência (PcD), aumentando 7,6 p.p. nesses cinco anos. E há outros indicadores que confirmam esta tendência:

- Em 2020, mais de 58% das PcD estavam empregadas, valor ligeiramente acima da média dos países da UE;

- No setor privado, a percentagem de PcD empregadas reflete uma evolução positiva: em 2021, crescimento de 50% face a 2015 e de 10% face a 2020;

- 74,4% das PcD a trabalhar no setor privado tinham um grau de incapacidade superior a 60%;

- Portugal regista o terceiro valor mais baixo dos países da UE quando comparamos a diferença na taxa de emprego entre pessoas com e sem deficiência (o designado “disability employement gap”).

Hoje estamos mais bem preparados e mais atentos para ativamente crescermos na diversidade, mas há ainda um trabalho profundo a fazer-se no plano cultural, que começa nas famílias, passa pela formação nas escolas e continua para a vida, seja ela profissional ou pessoal.

Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer para cumprir o objetivo da Lei 4/2019, que veio estabelecer o sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60 %. Atualmente, 2% dos colaboradores da Bondalti Chemicals estão nestas circunstâncias, numa reafirmação da genuína vontade de fazermos a diferença junto das nossas pessoas e da comunidade onde estamos inseridos.

*Fonte: Estudo "Pessoas com Deficiência em Portugal – Indicadores de Direitos Humanos 2023", conduzido pelo Observatório da Deficiência e Direitos Humanos (ODDH/ISCSP-ULisboa)