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Habitat Perditos

Envolvimento da Bondalti

«Habitat Perditos» tem por objetivo a preservação do Capital Natural, promovendo benefícios e impactos positivos para a sociedade em geral.

Área Temática Selecionada  

«Habitat Perditos» tem por objetivo a preservação do Capital Natural, promovendo benefícios e impactos positivos para a sociedade em geral. O projeto contribuí para o aumento da consciência e responsabilidade ambiental da Bondalti e dos seus colaboradores, integrando a preservação do Capital Natural no processo de decisão e intervenção da empresa, neste caso através do apoio direto a ações de conservação para espécies com elevado estatuto de conservação e elevado valor ecológico.  

É um projeto com relevância e escala territorial e temporal para a conservação de duas das mais emblemáticas e ameaçadas espécies dos ecossistemas mediterrânicos, através do estabelecimento de parcerias com entidades representativas dos proprietários rurais e entidades concessionárias e gestoras de zonas de caça.    

Este projeto permite alavancar um conjunto de vantagens significativas para a conservação e para a promoção da biodiversidade, por via do envolvimento do setor empresarial e dos agentes no terreno em ações concretas de gestão dos recursos naturais, contribuindo de forma ativa para as estratégias nacionais e internacionais que visam a recuperação e conservação do lince-ibérico e da águia-imperial-ibérica, espécies que são predadores de topo nos ecossistemas mediterrânicos.  

Estas espécies são excelentes bioindicadores da qualidade dos espaços rurais e naturais, sendo a sua presença uma evidência da boa gestão e condições adequadas para uma grande variedade de outras espécies das quais estes superpredadores dependem.  

Problema: identificação e sua relevância para a Bondalti

«Habitat Perditos» nasce do interesse da Bondalti em interiorizar as preocupações de carácter ambiental e social. Inspirada no conceito de Business & Biodiversity, a companhia estabeleceu em 2017 uma parceria com a ANPC, para apoiar a conservação e o fomento da biodiversidade no terreno, com escala espacial e temporal. Este projeto de preservação do Capital Natural apoia a implementação de um conjunto de medidas de conservação e promoção da Biodiversidade, focadas na recuperação e conservação de duas espécies prioritárias: o lince-ibérico e a águia-imperial.

O projeto desenvolve-se em Vale de Perditos, território com cerca de três mil hectares, situado junto à fronteira ao longo do rio Chança em Vila Verde de Ficalho, que constituí um corredor ecológico e que assegura a conetividade e a expansão de populações existentes destas espécies protegidas, em ambos os lados da fronteira. É composto por quatro Zonas de Caça Turística, com as quais foram estabelecidos protocolos de colaboração. Assegura-se a execução continuada de medidas de gestão e conservação que beneficiam as espécies alvo, contribuindo ativamente para a preservação da paisagem, prevenção de incêndios rurais, combate à desertificação e promoção socioeconómica local.

Este projeto é uma iniciativa com resultados significativos na conservação do lince-ibérico e da águia-imperial, e um case-study, exemplo a seguir, por outras entidades preocupadas e empenhadas na preservação do Capital Natural.

«Habitat Perditos» está alinhado com dois dos ODS de maior relevância estratégica para a Bondalti, o 8 – Trabalho decente e crescimento económico, pela criação de postos de trabalho qualificados e permanentes em zona deprimida, contribuindo ainda fortemente para a socio-economia local; e o 15 – Vida terrestre, pela própria ação de recuperação e conservação da biodiversidade local.  

O Projeto conta com o envolvimento da Administração, Assessoria de Comunicação Corporativa e a Direção de Estratégia, Controlo, Inovação e Sustentabilidade da Bondalti.  

Resolução: ações, etapas, parcerias

-> Reforçar as iniciativas de carácter ambiental nos procedimentos internos da Bondalti, solidificando a sua conduta responsável, nomeadamente com a elaboração de conteúdos de divulgação e sensibilização sobre a importância da biodiversidade;  

-> Contribuir, de forma efetiva, com escala territorial e temporal relevantes, para a consolidação dos processos de recuperação da águia-imperial-ibérica e de reintrodução do lince-ibérico, em território Nacional, promovendo a conectividade entre áreas de ocorrência ou de reintrodução, bem como contribuindo para a existência de condições que permitam o estabelecimento de novos núcleos populacionais, quer por colonização natural, quer por processos de reintrodução;  

-> Criar e manter habitats e densidades de espécies presa (coelho-bravo, perdiz-vermelha e lebre) adequadas para garantir uma presença estável de populações de lince-ibérico e de águia-imperial;  

-> Contribuir para a salvaguarda da sustentabilidade social e económica, a par da sustentabilidade ambiental e ecológica, desenvolvendo modelos de gestão que permitam a criação de riqueza com base na exploração sustentável dos recursos naturais, bem como a criação de emprego, mediante a dinamização das atividades rurais tradicionais, incluindo formas de exploração sustentável dos recursos naturais como a agricultura, silvo-pastorícia, caça e turismo.  

Em termos práticos, a iniciativa visa fomentar e preservar os diferentes habitats existentes em Vale de Perditos de que as perdizes e os coelhos, presas de linces e águias, necessitam para sobreviverem e se reproduzirem com sucesso. As intervenções nos habitats seguem as melhores práticas e são alicerçadas em técnicas que resultam do conhecimento técnico-científico e prático, para criar e manter as condições ideais para um vasto leque de espécies, regulando e corrigindo eventuais desequilíbrios, num processo de gestão adaptativa.  

As intervenções mais estruturantes passam pela instalação de uma multiplicidade de campos de alimentação, destinados a proporcionar alimento, locais de nidificação e refúgio para as espécies-presa, mas beneficiando igualmente muitas outras espécies presentes no ecossistema, promovendo um mosaico de habitats e potenciando o efeito de ecótono.  

Todos os anos são efetuadas sementeiras de gramíneas e leguminosas, em parcelas extremes ou em consociação, que garantem uma maior e mais regular disponibilidade alimentar, instaladas em locais criteriosamente escolhidos para maximizar os efeitos para a fauna.  

Em ambientes como o Alentejo, o acesso à água também é um fator crítico. Pelo que, no âmbito deste projeto de conservação, uma outra prioridade é a limpeza das linhas de águas e a manutenção de uma rede de pontos de água naturais e pequenas barragens. Adicionalmente, instalou-se uma malha de 272 comedouros e 120 bebedouros artificiais – que ajudam a viabilizar o aumento das populações de presas, assegurando disponibilidade alimentar e de água ao longo de todo o ciclo de vida das espécies.  No seu conjunto, a vegetação em mosaico e a densa rede de pontos de água permitem ainda garantir as descontinuidades essenciais para reduzir o risco e a propagação de incêndios.  

Todas estas tarefas são executadas por uma equipa de gestores, guardas dos recursos florestais e trabalhadores rurais afetos às zonas de caça, a quem compete igualmente a realização da vigilância e trabalho de monitorização, especialmente dirigido para as populações de coelhos e perdizes, o que permite ter informação detalhada sobre a evolução das populações. Existe ainda uma rede de foto-armadilhagem em permanência no terreno que permite monitorizar as populações existentes em Vale de Perditos e detetar a ocorrência de novas espécies, como foi o caso do exemplar de lince-ibérico dispersante que veio para esta área.  

Todo este trabalho tem supervisão científica, sendo esta iniciativa um exemplo de boa gestão e de colaboração com instituições científicas nacionais e estrangeiras, privilegiando-se as melhores práticas e o conhecimento, e disponibilizando as áreas em apreço para o desenvolvimento de ações de investigação, demonstração, divulgação e sensibilização.  

O trabalho desenvolvido em Vale de Perditos tem acompanhamento científico por intermédio do CIBIO da Universidade do Porto, entidade que tem colaborado nos trabalhos de monitorização e realizado trabalhos de investigação e desenvolvimento experimental, quer ao nível da biologia e ecologia das espécies, quer ainda ao nível genético e sanitário, sendo que os resultados e o conhecimento produzidos ao longo do tempo têm contribuído para ajustar e melhorar a gestão de habitats e populações em permanência.  

Principais desafios

Contribuir para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas; criar e manter ecossistemas equilibrados; promover a biodiversidade e a conservação de espécies particularmente ameaçadas; garantir paisagens resilientes a catástrofes e a incêndios rurais; assente num modelo de gestão e exploração sustentável, são os principais desafios do projeto «Habitat Perditos».  

Resultados

Vale de Perditos soma um conjunto assinalável de resultados ao longo dos últimos quatro anos ao nível da conservação do Capital Natural, destacando-se:  

-> Libertação, pelo ICNF, de um casal reprodutor de lince-ibérico;  

-> Presença constante de um casal de águia-imperial nos dois últimos anos, em ações de caça e rituais de corte, que culminou com a construção e ocupação de um ninho;  

-> Nidificação confirmada e com sucesso de um casal de águia-real e de dois casais de águia-de- Bonelli;  

-> Presença constante e utilização da área por vários exemplares em comportamento de caça e/ou em dispersão de águia-imperial, de águia-real e de águia-de-bonelli, entre uma grande diversidade de outras aves rapinas diurnas e noturnas;  

-> Presença confirmada de um lince-ibérico dispersante (exemplar libertado noutro local que permaneceu 10 meses em Vale de Perditos);  

-> Presença regular de outras espécies raras e com elevado estatuto de conservação, como a cegonha-negra ou o gato-bravo, entre muitas outras;    

-> Elevada densidade de coelho-bravo (3 a 5 coelhos/ha) e perdizes (2,3 perdizes/ha), assegurando grande disponibilidade alimentar ao longo de todo o ano;  

-> Aumento significativo da população de rola-brava reprodutora e das populações de pombo-torcaz residentes;

-> Manutenção de uma paisagem em mosaico, com elevada resiliência, valor ecológico e capacidade de suporte para um conjunto vasto de espécies;

-> Manutenção e conservação de uma área com excelentes condições para a recolonização natural ou para a realização de ações de reintrodução de lince-ibérico;  

-> Ausência total de incêndios;  

-> Manutenção de cinco postos de trabalho em zona com elevada desertificação humana.  

Prevê-se que o projeto «Habitat Perditos» continue nos próximos anos e que os excelentes resultados até agora atingidos possam não só ser mantidos, mas igualmente reforçados, nomeadamente em relação ao lince-ibérico, com o estabelecimento de reprodutores, tendo a área escala e condições de habitats e presas compatíveis com a presença de várias fêmeas reprodutoras.  

Com a libertação de um casal reprodutor de linces-ibéricos e da presença regular de um terceiro exemplar, e tendo em consideração a qualidade do território e a sua localização numa zona de interface entre os núcleos existentes no Vale do Guadiana e em Espanha, espera-se que a reprodução desta espécie possa acorrer no curto prazo.

Recomendações

«Habitat Perditos» tem por objetivo a gestão ativa de uma vasta área natural e rural, sendo um exemplo e case study, que pela sua ampla divulgação sensibiliza e consciencializa para a conservação e promoção do Capital Natural.  

O projeto foi divulgado através de plataformas online, como por exemplo os websites institucionais da Bondalti e ANPC, Youtube e Linkedin, tendo ainda sido realizada uma brochura em papel, com uma tiragem inicial de 500 exemplares, que foi distribuída por diversos parceiros. O filme «Biodiversidade que nos Une», realizado pela Bondalti, teve mais de 12 mil visualizações no Facebook, às quais acrescem 1035 visualizações diretas no Youtube e outras 700 no Linkedin (até dezembro de 2022). Um segundo filme, intitulado «Lince Ibérico, Regresso à Natureza» teve mais de 5 mil visualizações no Youtube.

A divulgação deste projeto através de vídeos e materiais pedagógicos leva mais além a promoção das boas práticas de gestão da Biodiversidade, causando um impacto muito positivo na sociedade em geral pela educação e sensibilização nestas temáticas. Este projeto constituí um verdadeiro case study e um exemplo que poderá vir a ser seguido por outras entidades preocupadas e empenhadas na preservação do Capital Natural.  

Trata-se, por conseguinte, de um projeto que tem elevado potencial para poder vir a ser replicado/escalado em situações semelhantes, com elevados ganhos ao nível da conservação do Capital Natural.  

CONTEÚDOS RELACIONADOS:

Brochura «Em Prol da Biodiversidade»
Filme «Regresso à Natureza»
Filme «Biodiversidade que nos Une»

Área
Biodiversidade  

Projeto
Habitat Perditos

Tema/desafio
Recuperação E Conservação Do Lince-ibérico E Da Águia-imperial-ibérica

Local De Execução
Herdade De Vale De Perditos, Distrito De Beja

Duração
2017-2023

Parceiros
Anpc – Associação Nacional De Proprietários Rurais (Parceiros Do Projeto) / Cibio - Centro De Investigação Em Biodiversidade E Recursos Genéticos (Consultoria Científica)  

Investimento
€760 000